Sobre Minimalismo
Desde que comecei esta nova fase, que tenho ouvido e lido alguns erros e desculpas bem como preconceitos e mitos em relação ao minimalismo, e que gostava de deixar esclarecidos, segundo o meu ponto de vista.
- "E se eu vier a precisar?": Eu já falei sobre isto num post anterior, mas a verdade é que na maioria das vezes, nunca chegamos a precisar de nada que comprámos por impulso ou porque estava na moda, ou porque todas as amigas compraram. Se está arrumado numa caixa há 5 anos e nem se lembram que tinham o objecto é porque, de certeza, não precisam dele, nem vos faz falta ou traz qualquer utilidade à vossa vida.
- Quando algo é comprado porque "precisam mesmo": A questão a colocar é sempre "Mas preciso mesmo?". Se compramos um objecto porque está na moda, ou porque alguém o tem e nós temos a ilusão de que também precisamos, o meu conselho é: deixem passar tempo. Em primeiro lugar há que ter em atenção que não somos todos iguais e as necessidades de uns, não são as necessidades de outros. Por isso mesmo, temos que pensar antes de comprar se o item em questão corresponde às nossas necessidades Deixem passar tempo e vejam se continuam a querer e a precisar do objecto ou se seguiram com a vossa vida e ele não vos fez falta. Se a opção foi a 2ª, então a resposta é "não precisam". Para isto, eu uso o truque da Wish List. Escrevam numa lista os objectos que acham que precisam mesmo, e passado duas/três semanas voltem à lista e perguntem-se se ainda precisam deles.
- Comprar roupa ou sapatos para conjugar com peças que não usam: Muitas vezes oiço pessoas dar a desculpa de que não usam determinado item porque não têm nada que fique bem com ele. E com essa desculpa, decidem comprar mais 4 ou 5 items para conjugar com essa peça. No entanto, acabam a nunca a usar. A primeira pergunta que devem fazer é: não uso porque não tenho nada que fique bem com isto? Ou não uso porque não gosto do corte, da forma, da textura, da cor? Muitas vezes não usamos uma coisa não porque não gostemos dela, mas porque não nos sentimos bem com ela vestida - ficava melhor no manequim. E isso deixa-nos deprimidos. O truque aqui é sempre não comprar por impulso, experimentar a roupa, utilizá-la em casa frente ao espelho sem tirar etiquetas e verificar se nos sentimos bem com as roupas ou não: fazer compras conscientes e eficientes.
- Ter cápsulas faz com que "não se esteja na moda": Em primeiro lugar, as cápsulas dependem de pessoa para pessoa e daquilo a que nos comprometemos. Se aquilo a que nos comprometemos foi a comprar apenas duas peças por cada cápsula (por ano) ou cinco; depende do nosso orçamento, e da nossa consciência ecológica e social. No entanto, vamos tentar abordar por outro caminho. O que é "estar na moda"? É vestir o que todas as outras pessoas vestem, vestir as mesmas roupas, as mesmas cores, os mesmos acessórios? Deixarmo-nos influenciar sobre aquilo que as grandes multinacionais da moda ditam ser a moda? "Elegance is the only beauty that never fades" (Audrey Hepburn). As modas são passageiras e supérfluas. Saber vestir passa pouco por andar na moda.
- A responsabilidade social e ecológica deve vir das empresas e do Governo: Embora estas responsabilidades também devam vir destes, a verdade é que a cadeia se estende desde o produtor até ao consumidor, e nós, como consumidores temos que ter a consciência de que fazemos parte do processo e, como tal, a responsabilidade também é nossa e não nos podemos alhear dela.
- Se não consumirmos a economia irá estancar: esta discussão poderá ser bastante ideológica. No entanto, vou tecer apenas alguns comentários em relação a isto. O capitalismo alimenta-se sobretudo das pessoas e dos recursos naturais. Como uma bola de neve gigante que vai colhendo os pequenos flocos. O que acontecerá quando não houver mais flocos para colher? O consumismo é um dos motores do capitalismo, e com ele, irá estancar quando mais não houver para colher. O que o mundo precisa é de um novo paradigma económico, porque já todos concluímos que este não é sustentável e enaltece grandes diferenças sociais. Se ainda não viram o filme "The True Cost" aconselho seriamente a que o façam. Eu prefiro pagar o preço justo pelas coisas em economias familiares e produtores pequenos em países em vias de desenvolvimento ou produtores nacionais (desde que estes não sejam explorados).
É necessário compreender que todas as acções têm consequências: positivas, negativas, neutras ou um pouco de todas. Há que considerar no entanto encontrar um equilíbrio que garanta justiça social e justiça ambiental para todos!