Hoje decidi escrever sobre consumo local. Nos dias que correm, e na economia em que vivemos, consumir local pode tornar-se uma realidade distante.
No entanto, são cada vez mais os "empreendedores" que decidem abrir mercearias com um ar moderno, lojas e toda uma oferta de bens essenciais ao nosso dia-a-dia.
Consumir local é do ponto de vista ecológico (e claro, minimalista) uma mais valia. Comecemos por dizer que estimula a economia local. Por outro lado, muitas destas "lojas de bairro" são negócios de família, e, por isso, estaremos a contribuir directamente para o rendimento de alguém ao invés de contribuirmos para o gigante lucro de grandes multinacionais que pagam esmolas aos seus trabalhadores. Por fim, emitimos muito menos dióxido de carbono (e outros gases com efeito de estufa) para a atmosfera. Por não precisarmos de utilizar carro para ir às compras, e por não ser preciso transportar as coisas desde uma grande distância até ao local de venda (estamos a falar claro de produção local).
Claro que pode ser colocada na discussão o facto de num supermercado os preços serem mais competitivos. Isso poderá ser verdade para produtos de cosmética, higiene pessoal, oral, comida pré-fabricada e enlatados, bolachas e afins. Mas, pelo menos, na realidade que conheço (a da minha cidade) as frutas e os legumes saiem mais baratos no comércio local, assim como a carne, o peixe e a charcutaria. Obviamente, tem que existir um equiílibro, mas se todos contribuirmos e promovermos a economia local, só há razões para prosperar e promover justiça social.
Para aqueles que não sabem, eu sou a fã nº 1 do Ambiente. E não é fã de: sim, adoro árvores e baleias e etc. Não, sou convictamente ecologista e acredito que o futuro da Humanidade (e de todas as outras espécies no planeta) depende do entendimento daquilo que é a Ecologia, o equílibrio dos ecossistemas e quais as formas de nos salvaguardarmos de eventuais catástrofes que coloquem a vida na Terra, como a conhecemos, em risco.
Por isso, esta foi outra das razões pelas quais decidi aderir ao minimalismo. O consumo desenfreado faz aumentar, e muito, as linhas de produção, aumentado a exploração dos recursos naturais e pondo um enorme stress no meio ambiente. Fora tudo isto, o actual sistema de produção em larga escala aumenta substancialmente o desperdício.
No entanto, aquilo que me traz aqui hoje é mais a discussão do natural vs. sintético. Esta é uma discussão levada a cabo por diversos ecologistas, defensores do ambiente, cientistas e afins e que levanta muitas questões. A verdade é que utilizar fibras naturais à partida parece algo mais ecológico, mais natural. Pode não provocar tantas reações alérgicas ou similares. Para além disso, parece não custar tanto. No entanto, vou deixar-vos este quadro:
Se olharmos para este quadro conseguimos ver que o algodão consome em média 18 000 litros de água por cada quilo de roupa. São muitos litros de água... Também a viscose consome 640 litro de água por cada quilo de roupa. No entanto, são as fibras sintéticas que consomem mais energia, sendo que o poliéster consome 109 gigajoules, o que, para quem não entende de medidas de energia, num ano em usos domésticos uma pessoa gasta à volta de 4000 GJ (atenção, por ano). Ou seja, por cada quilo de roupa produzido é gasta energia equivalente a 10 dias em uso doméstico. Fora isto, há ainda que considerar a durabilidade das fibras, sendo que as fibras sintéticas, por serem menos biodegradáveis, prometem maior durabilidade.
Como é possível verificar, a discussão irá continuar, uma vez que hoje em dia, a energia ainda é altamente dependente dos combustíveis fósseis, que também são altamente desvantajosos para o ambiente.
No entanto, quanto feita a reflexão sobre o assunto há que considerar sempre que menos é melhor: não há tanta exploração de recursos naturais e não há tanto desperdício, o que causa menos stress nos ecossistemas. Vivermos apenas com aquilo que precisamos e com aquilo que nos faz felizes, sem consumirmos desenfreadamente coisas que não acrescentam nada à vida parece ser a solução, na minha opinião...
O minimalismo apresentou-se a mim não como uma moda a adoptar no momento, mas como um estilo de vida a adoptar sempre. Como Ecologista convicta, sou totalmente contra o estilo de vida de consumo desenfreado que vivemos nos dias de hoje em que interessa ter muito. Acredito que "o caminho se faz caminhando" e por isso não coloco quaisquer expectativas sobre o que o futuro trará, ao invés, acredito nas mudanças presentes e que devemos viver agora o que deve ser vivido agora.
Ter muitas coisas ocupa muito espaço físico e mental, muita preocupação. Minimalizar tornou-se uma prática de relaxamento e em que ter pouco é ter muito mais.